Cancro da Tiróide
O que é?
O cancro da tiróide é um tumor maligno da glândula tiroideia.
Aparece habitualmente sob forma de nódulo no pescoço, quase sempre sem sintomas. Apenas cerca de 5 a 10% destes nódulos tiroideus são malignos. A maioria dos casos surge em mulheres.
Os cancros da tiróide mais frequentes são o carcinoma papilar e o folicular, que se agrupam nos chamados carcinomas diferenciados da tiróide. Tal como o nome sugere, as suas células mantêm algumas características das células tiroideias normais, o que facilita o seu tratamento. Há outros tipos de cancro, carcinoma medular da tiroide , carcinoma anaplásico e linfoma da tiroide. Estes carcinomas são muito mais raros e tem uma forma de abordagem e evolução muito diferentes.Este folheto está dirigido para os carcinomas diferenciados da tiroide
Qual a causa?
O cancro da tiróide pode surgir em qualquer pessoa, e na maior parte dos casos a causa é desconhecida. Apenas a radioterapia da cabeço, pescoço ou tórax parece ser um factor de risco para o seu aparecimento. Antes de 1960 utilizava-se este tipo de tratamento para amigdalites de repetição ou para o acne. Sabe-se que há maior risco nas pessoas que foram expostas a grandes quantidades de radiação, como aconteceu na bomba de Hiroshima, no acidente nuclear de Chernobyl e vamos ver o que acontece com o acidente nuclear em Fukushima . Estes carcinomas podem ter uma incidência familiar.
Como é diagnosticado?
Muitas vezes é o próprio doente que nota um nódulo à palpação do pescoço, ou o seu médico num exame físico de rotina. Outras vezes aparece numa ecografia ou TAC pedidas por outro motivo. A grande maioria destes nódulos são benignos (90 a 95%), pelo que a sua simples descoberta não deve alarmar. No entanto, obriga ao seu estudo:
– Análises de sangue para avaliar a função tiroideia;
– Ecografia da tiroide e se necessário citologia aspirativa com agulha fina.
Só em casos pontuais haverá necessidade de fazer cintigrafia.
A citologia é efectuada com uma agulha fina para aspirar uma pequena quantidade de células do(s) nódulo(s), que será analisada em laboratório. O exame é rápido, seguro e praticamente indolor.
Como é tratado o cancro da tiróide?
Se o diagnóstico da citologia for cancro, o primeiro passo é a cirurgia com a remoção (total) da glândula tiroideia – tiroidectomia (total), bem como dos gânglios linfáticos suspeitos, se os houver. Na maior parte dos casos, o tumor é totalmente removido. As complicações da cirurgia são raras nos centros mais experientes.
Uma vez retirada a tiróide, é necessário fazer tratamento com hormona tiroideia (T4 – levotiroxina). O objectivo é substituir a produção normal de hormona tiroideia e inibir o crescimento de possíveis células tiroideias ainda presentes . A TSH pode estimular o crescimento das células tumorais. O nível de TSH pretendido com o tratamento com levotiroxina depende de cada caso.
Em alguns casos pode ser necessário o tratamento com iodo radioactivo, chamado tratamento ablativo ou ablação, porque destrói as células tiroideias normais e as cancerosas que possam ter ficado após a cirurgia. A necessidade de o fazer ou não tem que ser adaptado a cada doente.
Qual a importância da vigilância regular?
Mais de 80% de todos os casos curam.
No entanto, manter a vigilância periódico é essencial para a detecção precoce de uma eventual recidiva. Em 20% dos casos pode não ser obtida a cura após o tratamento inicial, por vezes pode haver disseminação a nível dos gânglios do pescoço e a outras partes do corpo (metástases) ainda que muitos anos depois da cirurgia.
Põe esta razão, os médicos recomendam que os doentes com cancro da tiróide mantenham vigilância regular para toda a vida, mais importante nos primeiros 5 a 10 anos.
Os dois exames fundamentais para esta vigilância são:
- Análises de sangue (doseamento da função tiroideia, tiroglobulina e anticorpos antitiroglobulina)
- Ecografia cervical.
A periodicidade dos pedidos depende do doente, anos de seguimento e grau de risco do carcinoma. No 1º ano pos tratamento inicial geralmente são recomendados doseamentos de tiroglobulina e anticorpos antitiroglobulina cada 6 a 12 meses, e uma ecografia cervical ao fim do primeiro ano de tratamento, repetida quando o médico assim o considerar.
Ao fim do 1º ano de vigilância, pode ser necessário o doseamento de tireoglobulina ( o marcador tumoral ) sob níveis elevados de TSH (hormona hipofisária). Existem duas alternativas para elevar a TSH. Uma das possibilidades, a única disponível até há poucos anos, consiste em suspender a medicação com hormona tiroideia (habitualmente a T4 por 3 a 4 semanas ou a T3 por 2 a 3 semanas). A falta de hormona tiroideia, no entanto, provoca os sinais e sintomas habituais do hipotiroidismo, que podem ter repercussões mais ou menos importantes, dependendo de doente para doente. Outra possibilidade é a utilização de TSH recombinante humana (rhTSH).
Apesar de ser produzida em laboratório, a rhTSH é idêntica à TSH natural. A grande vantagem é que os doentes não têm necessidade de suspender a medicação com hormona tiroideia e portanto naõ têm os sintomas de hipotiroidismo Tem muito poucos efeitos secundários: pode haver uma pequena reacção no local da picada e alguns doentes têm náuseas, vómitos, dor de cabeça ou fraqueza após a injecção. O seu médico saberá ponderar a melhor opção para o seu caso.
Que esperar para o futuro?
Apesar de não ter tiróide, pode ter uma vida perfeitamente normal com o tratamento hormonal qua a substitui. Vai necessitar de o manter para o resto da vida.
Consulte o seu médico para programar uma eventual gravidez. Os tratamentos com iodo radioactivo estão absolutamente contra-indicados na gravidez e aleitamento. Não pode engravidar nos 6 a 12 meses que se seguem ao tratamento. Nesta fase deve assegurar uma contracepção eficaz.
No entanto, assim que o seu médico o consentir, uma gravidez decorre de forma segura, desde que mantenha o tratamento com a hormona tiroideia e a vigilância analítica.