Aporte de Iodo às Populações em Portugal- Crianças em Idade Escolar
Nos anos 60 o bócio endémico era uma realidade em determinados zonas de Portugal. Com o programa de iodização nos anos 70 o bócio endémico foi nessas zonas praticamente irradicado. Alguns trabalhos dos anos 80 apontam contudo para a manutenção de um provável défice de iodo nas populações estudadas. A ausência de dados actuais e investigação recente, em Portugal, sobre o aporte em iodo impôs ao Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) o desenvolvimento de um trabalho de avaliação sobre a ingestão iodada no nosso país. O estudo contou com a coordenação do Prof. Edward Limbert e procurou determinar as iodúrias em duas populações alvo: grávidas e crianças dos 6 aos 12 anos.
A carência de iodo elemento fundamental para a síntese das hormonas tiroideias conduz a alterações fisiológicas e patológicas devido a secreção insuficiente destas hormonas . Na criança as hormonas tiroideias são necessárias para o crescimento e desenvolvimento intelectual que podem ficar comprometidos se a ingestão de iodo for inadequada. Trabalhos relativamente recentes indicam que deficiências moderadas de iodo podem ser causa de alterações importantes, nomeadamente no desenvolvimento cognitivo das crianças. Segundo o Prof. Edward Limbert «as deficiências do aporte em iodo, ainda que marginais, podem estar na origem do mau desempenho escolar. Défices limiares no aporte do iodo, como os verificadas nalguns países europeus, podem ser acompanhadas de dificuldades na atenção e na aprendizagem escolar em crianças aparentemente normais.»
O estudo sobre o aporte de iodo em Portugal em crianças em idade escolar avaliou uma população de crianças em 78 escolas do continente (norte centro e sul, zonas costeiras e interiores) – um total de 3.679 crianças, com idades entre os 6 e 12 anos e de ambos os sexos.
Os dados das iodurias nas crianças apontam na globalidade para um aporte de iodo no limiar. No entanto, 47% das crianças estudadas tinham valores ligeira a moderadamente insuficientes o que está de acordo com dados de outros países da Europa. Tendo em conta os efeitos nefastos da carência iodada a implementação da sus profilaxia mediante a iodização do sal, conforme preconizado pela OMS, deve ser tomada em consideração
Este trabalho vai ser publicado na revista Acta Médica Portuguesa:
“Aporte do iodo nas crianças das escolas em Portugal”
E Limbert, S. Prazeres, M. São Pedro, D. Rodrigues, A. Miranda, M. Ribeiro, F. Carrilho, J. Jacome de Castro, M.Santana Lopes, J.Cardoso, A Carvalho, MJ Oliveira, H. Reguengo, F. Borges e Grupo de Estudos da Tiroide da SPEDM
Acta Médica Portuguesa