Os homens com excesso de peso ou obesos aos 18 anos têm um risco mais elevado de desenvolver 17 tipos diferentes de cancro mais tarde na vida. E um destes é o da tiroide, mostram dois estudos da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Um trabalho que alerta para a forma como esta epidemia de obesidade juvenil pode afetar a situação do cancro nos próximos 30 anos.
Publicados nas revistas Obesity e Cancer Medicine, os estudos desta equipa de investigadores suecos olharam para o índice de massa corporal (IMC) e verificaram que um IMC mais elevado aos 18 anos pode estar associado a um maior número de cancros mais tarde na vida: de cancro do pulmão, cabeça e pescoço, cérebro, tiroide, esófago, estômago, pâncreas, fígado, cólon, reto, rim e bexiga, bem como melanoma, leucemia, mieloma e linfoma (tanto de Hodgkin como não Hodgkin).
E para vários tipos de cancro – da cabeça e pescoço, esófago, estômago, pâncreas, fígado e rim, bem como o melanoma e o linfoma não Hodgkin -, o risco já era elevado com um IMC de 20-22,4, valor que se encontra dentro do intervalo habitualmente utilizado para o peso normal (18,5-24,9).
“Isto sugere que a definição atual de peso normal pode ser aplicada a adultos mais velhos, mas o peso ideal para um adulto jovem situa-se provavelmente num intervalo inferior. O nosso grupo de investigação chegou a conclusões semelhantes relativamente ao IMC no início da idade adulta e às doenças cardiovasculares posteriores”, afirma Maria Åberg, professora de Medicina Familiar na Academia Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo e autora principal.
Risco de cancro três a quatro vezes superior
A relação com o IMC elevado foi mais forte no caso dos cancros abdominais, incluindo o cancro do esófago, do estômago e dos rins, com um risco três a quatro vezes maior para os homens obesos.
Dentro de 30 anos, os investigadores esperam um aumento da proporção de casos de cancro associados ao excesso de peso e à obesidade dos jovens, calculado com base no excesso de peso e na obesidade dos suecos hoje com 18 anos. No caso do cancro do estômago, a proporção aumenta para 32% e no caso do cancro do esófago para 37%.
Aron Onerup, pós-doutorado na Sahlgrenska Academy da Universidade de Gotemburgo e no St. Jude Children’s Research Hospital, em Memphis, EUA, refere que “o excesso de peso e a obesidade em idade jovem parecem aumentar o risco de desenvolver cancro, existindo associações entre o peso não saudável e o cancro em quase todos os órgãos. Tendo em conta a tendência alarmante da obesidade na infância e na adolescência, este estudo reforça a necessidade de mobilizar recursos importantes para inverter esta tendência”, afirma.
Maior mortalidade com IMC mais elevado
Os investigadores estudaram também as taxas de mortalidade após o diagnóstico de cancro neste grupo. Dos 1.489.115 homens estudados, 84.621 foram diagnosticados com algum tipo de cancro durante o período de acompanhamento. E as análises mostraram que aqueles com excesso de peso ou obesos tinham 2 a 3 vezes mais probabilidades de morrer nos cinco anos seguintes ao diagnóstico de cancro da pele, de linfoma de Hodgkin e de cancro da tiroide, da bexiga e da próstata, e 1,4 a 2 vezes mais probabilidades de morrer de cancros da cabeça e do pescoço, do reto e dos rins.