O papel decisivo da tiroide na gravidez: o hipotiroidismo
Sabia que as hormonas da tiroide desempenham um papel essencial no desenvolvimento normal do cérebro e do sistema nervoso do bebé durante a gravidez? De facto, nos primeiros três meses de gestação o bebé depende do fornecimento da hormona da tiroide materna, que passa através da placenta, já que é apenas por volta das 12 semanas que a tiroide do bebé é formada e migra para a base do pescoço, sem a capacidade de produzir, no entanto, hormonas suficientes, algo que apenas acontece entre a 18ª a 20ª semana de gravidez, quando o eixo hipotálamo-hipófise – tiroide começou a funcionar. É por volta da 23ª semana de gestação que este funcionamento é pleno.
O que significa que a tiroide tem um papel de destaque nesta fase da vida da mulher. Mas há distúrbios da pequena glândula em forma de borboleta que se podem manifestar nesta altura. Como o hipotiroidismo, cujos sintomas são inespecíficos e podem ser confundidos com a sintomatologia que aparece habitualmente na gravidez.
Trata-se de um problema que, na gravidez, costuma ser causado pela doença de Hashimoto, uma doença autoimune em que o sistema imunitário produz anticorpos que atacam a tiroide, causando inflamação e danos que a tornam menos capaz de produzir hormonas e que ocorre em duas a três por cada 100 gestações.
Por tratar, o hipotiroidismo na gravidez pode causar pré-eclâmpsia, ou seja, um aumento perigoso da pressão arterial, anemia, aborto espontâneo, baixo peso ao nascer ou até a morte do bebé. E porque as hormonas da tiroide são essenciais para o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso do feto, o hipotiroidismo não tratado, sobretudo no primeiro trimestre, pode ainda causar baixo QI e problemas no desenvolvimento normal.
É através de uma avaliação dos sintomas, associada a alguns exames de sangue, que o médico faz o diagnóstico do problema e sugere o tratamento, que em geral passa pela reposição da hormona que a tiroide deixou de conseguir produzir.