Níveis excessivos de hormonas da tiroide associados a maior risco de problemas cognitivos nos idosos
A tireotoxicose, o mesmo é dizer, os níveis excessivos de hormonas da tiroide no organismo, está associada a um risco acrescido de perturbações cognitivas entre os adultos mais velhos, mostra um novo estudo da Johns Hopkins Medicine, nos EUA. Uma conclusão válida seja para o excesso de hormonas causado pela ingestão de medicamentos para a tiroide ou ainda por distúrbios da tiroide, como o Hipertiroidismo e a Doença de Graves.
“Alguns estudos anteriores sugeriram que a tireotoxicose estava associada a um risco acrescido de perturbações cognitivas”, afirma Roy Adams, primeiro autor do estudo e professor assistente de Psiquiatria e Ciências do Comportamento na Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins. “Mas os resultados têm sido mistos e a tireotoxicose exógena [causada pela ingestão de medicamentos] foi, na sua maioria, excluída desses estudos”.
De acordo com um estudo anterior da Johns Hopkins Medicine, até 20% das pessoas a quem é prescrita a hormona da tiroide podem ser tratadas em excesso, o que as coloca em risco de tireotoxicose. “O nosso objetivo era investigar se as práticas de tratamento agressivas também podem causar danos cognitivos”, afirma Adams. “Compreender os efeitos negativos do tratamento excessivo é fundamental para ajudar a orientar os médicos na forma como prescrevem a terapia com hormonas da tiroide”.
A equipa de investigação selecionou os participantes para o estudo a partir de uma base de dados de registos de saúde eletrónicos da Johns Hopkins Medicine. A equipa identificou 65.931 participantes com 65 anos ou mais, que receberam cuidados primários entre 1 de janeiro de 2014 e 6 de maio de 2023.
Os resultados mostraram que a tireotoxicose por todas as causas estava associada a um aumento de 39% no risco de diagnóstico de perturbações cognitivas em todos os grupos etários. Dos doentes que sofreram tireotoxicose, 11% foram diagnosticados com uma perturbação cognitiva aos 75 anos, contra 6,4% dos doentes que não sofreram tireotoxicose.
Aos 85 anos, 34% dos doentes que sofreram tireotoxicose foram diagnosticados com uma perturbação cognitiva, em comparação com 26% dos doentes que não tinham este problema.
“Os nossos resultados sugerem que um risco acrescido de perturbações cognitivas se encontra entre as potenciais consequências negativas do excesso de hormonas da tiroide”, afirma Jennifer Mammen, autora principal do estudo e professora assistente de Medicina na Johns Hopkins University School of Medicine. “Os médicos que consideram a terapia com hormonas da tiroide em adultos mais velhos devem evitar o tratamento excessivo, utilizando estratégias de tratamento adequadas à idade”.